segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sutilezas

Eu sou fã dessas coisas pequenas, dessas coisas que ninguém vê, ou se importa.

Dia desses eu sentei na calçada pra ver a chuva correr, ver por onde a chuva acaba. Sinceramente acredito que existe muita poesia nessas coisas sutis. Acho que é daí que nascem todas as metáforas, ditados chineses, conselhos de mãe e exemplos grandiosos.
Apreciar o menor é uma arte. Alguns fazem da vida uma grande alegoria, e quanto mais tem ou aparentam ter mais acreditam ser maiores. Enfim, acho que sou meio contra essa teoria. A unidade mínima me atrai muito mais.

Sentir o vento deslocar o cabelo, o efeito que tem sair do sol e entrar na sombra, a temperatura mudando. Ver a variação das cores, as imperfeições escondidas em todos os lugares. Devo ser meio louco.

Não me encaixo muito bem nesse mundo de grandiosidades, grandes cifras, grandes números, grandes celebridades e pouco talento.

Sou mais desse tipo que valoriza o abraço, o braço, um laço, um afago, uma recordação, o momento.

Minimizar-se as vezes pode ser o que te torna grande, penso eu.
Não é que eu não queira te querer
É só que é mais fácil me afastar
Não é questão de me prender
É questão de te soltar

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Divagações sobre a rebeldia

Sempre vi o tempo como uma espiral infinita que ao completar um círculo volta ao ponto anterior, mas numa dimensão/freqüência/intensidade diferente. É como a moda. Certos acessórios nunca saem de moda, ficam um tempo afastado e depois retornam repaginados. Na essência são a mesma coisa, na aparência mudam.

Sem exteriorizar muito, vale ratificar que isso também acontece dentro de nossas mentes. E tudo que pensamos hoje é fruto de algo que alguém já pensou algum dia.

Devo admitir, contudo, que não entendo bem a rebeldia de hoje em dia e me pego divagando sozinho sobre seu real significado. A rebeldia de um homem (leia-se ser humano) está sendo medida pela cor que pinta o cabelo ou pela quantidade de furos que tem no corpo. A liberdade de expressão acaba, tolamente, virando forma de auto afirmação.

Eu cresci ouvindo todo tipo de música, vendo todo o tipo de gente e fazendo todo o tipo de coisa. Hoje me pergunto: onde a rebeldia se esconde?
Posso dizer que sobrevivi a época onde rebelde era quem se espelhava em malhação e brigava com a mamãe e ameaçava não comer a salada no jantar. Sobrevivi a época onde rebelde era quem imitava RBD e saia por aí dizendo fazer milhões de coisas que na verdade nem fazia. Sobrevivi aos emos chorando horrores porque ninguém acreditava que eles eram rebeldes. E hoje...

E hoje?

Acho que hoje em dia a necessidade de auto afirmação é tão grande que se confunde com a rebeldia. Não acredito que auto afirmação, atitude, gosto e rebeldia tenham absolutamente tudo a ver. São coisas monstruosamente distintas. Eu ouço Chico Buarque, acho ele super rebelde.

O significado literal de rebelde é: "aquele que se revolta"

Esse é um post rebelde.
Isso me faz ser rebelde?

Meu cabelo tem cor natural, tenho duas tatuagens discretas e não tenho piercings.

Aos 12 ou 13 anos tive um projeto de lei aprovado no Parlamento Jovem de São Paulo. Me recusei a ir receber o prêmio porque sou anti-política.

Onde fica a rebeldia?

Divagações (pelo menos pra mim) não devem chegar a lugar algum. Elas existem porque existem e somente confundem, não explicam.

Ainda há muito pra se falar, mas continuo em outro post...
Preciso pensar

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Tocando o chão cheio de estrelas
Com os pés descalços
Com a mão no teto
Andando meio assim
Meio errado
Meio ereto

Esse é o jeito certo de escrever
Meio assim
Meio "ah não!"
Falando com as paredes
Riscando, rabiscando
Desconexo

Transformando idéia em letra
Papel em sentimento
Meio dobrado
Amassado
Brincando, rondando
Divagando